Quatro livros sobre a liberdade do tempo, tempo livre e ócio

ÓCIO. [do latim otiu] S. m. – é um estado ideal a que o cidadão pode aspirar, no qual viver uma vida de ócio pressupõe reduzir ao mínimo as necessidades e assegurar o máximo possível de tempo livre.
BOTTOMORE, T. (ED) Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.


     Thorstein Veblen
     A Teoria da Classe Ociosa
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Publicado no apagar das luzes do século XIX (1899), o livro de Veblen traça uma teoria do ócio baseada nos estamentos sociais, ou seja, percebe o ócio como um atributo simbólico, ligado à distinção social e ao status. Criticando a estrutura de classes, o autor discute os valores disseminados na sociedade por diferentes grupos sociais e aponta para as contradições que envolvem a questão do ócio na transição entre a tradição e a modernidade.
VEBLEN, Thorstein. A Teoria da Classe Ociosa. São Paulo: Abril Cultural, 1983.



    Paul Lafargue
    O Direito à Preguiça
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Paul Lafargue, em “O Direito à Preguiça”, preocupa-se em mostrar como o trabalho acaba por se tornar uma virtude nos tempos modernos, em contradição à ideia de trabalho nos tempos tradicionais. Segundo ele, o ócio, que era “o bálsamo das angústias humanas”, torna-se um vício nos tempos modernos, à medida em que o trabalho é alçado à grande virtude que todos os homens devem perseguir. Um ideal de vida burguês que acabaria por condenar o proletariado ao papel de máquina e alienar os homens daquilo que seria o fator primordial para o crescimento intelectual, filosófico, artístico, humano: o tempo.
LAFARGUE, Paul. O Direito à Preguiça. São Paulo: Editora Hucitec, 2000.


    Bertrand Russell
    O Elogio ao Ócio
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Como expresso no próprio título, o livro de Bertrand Russell constitui um “Elogio ao Ócio”, ou seja, nele o autor eleva as vantagens do ócio no sentido do crescimento humano e filosófico das pessoas enquanto alerta para os males advindos de uma vida utilitária, voltada para o trabalho enquanto um fim. Segundo Russell, se o trabalho fosse a coisa mais importante da vida, “teríamos de considerar qualquer operador de britadeira superior a Shakespeare”. Para ele, o culto à eficiência, ao utilitarismo, ao trabalho estaria afastando os homens das possibilidades de uma vida mais plena, mais inteligente e mais feliz.
RUSSELL, Bertrand. O Elogio ao Ócio. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.


    Domenico de Masi
    O Ócio Criativo
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Em “O Ócio Criativo”, Domenico de Masi elabora a ideia de que a sociedade contemporânea caminharia a passos largos para superar as contradições da sociedade moderna em relação ao trabalho e ao ócio. Segundo ele, em uma sociedade pós-industrial a criatividade é supervalorizada em detrimento do trabalho braçal, repetitivo e alienado, isto é, enquanto o trabalho repetitivo e muscular passa a ser realizado cada vez mais com o auxílio de máquinas, robôs etc., o trabalho intelectual, criativo, para a ser valorizado, proporcionando uma salto qualitativo em relação às práticas do trabalho e ao que o autor chama de ócio criativo. Neste sentido, para que as pessoas sejam criativas e trabalhem intelectualmente, cultivando a inteligência, seria preciso eliminar algumas barreiras entre trabalho e o tempo livre, permitindo uma maior flexibilidade do tempo. O ócio enquanto o tempo da criação, o ócio criativo.
DE MASI, Domenico. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

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