Millôr na Bíblia do Caos: Ministério da cultura é o escambau! Ou Van Gogh ou nada!
PROVAÇÃO
“O artista deve ter, além do estritamente necessário pra sobreviver, apenas as ferramentas de seu ofício, de preferência compradas a prestação, com sacrifício de sua vida pessoal ou familiar, sexual e psíquica. A sociedade, por sua vez, tem o dever de contribuir pra tornar a vida do artista tão miserável e desprezível que não seja atraente pra nenhum desses milhões de idiotas que nos enchem a vista com brochações tediosas, nos enchem os ouvidos com barulhos estentóricos e estertorosos, o saco com sua permanente autopromoção (que acaba, através do eco irresponsável e ignorante da mídia, dando-lhes prêmios e fortunas, transformando-os nos “melhores” e “maiores”) e nos cansam o traseiro com filmes que são verdadeiros estupros na virgindade da fita. Galeria de arte, cinemas de arte e livrarias devem ser colocados fora-da-lei, perseguidos e punidos com mais rigor do que hoje são perseguidos os usuários e traficantes de droga. Assim, execrado e subnutrido, condenado à saúde precária e lamentável aparência física, só será artista o que for condenado a isso por um destino biológico avassalador, uma vocação metafísica verdadeiramente doentia. Ministério da cultura é o escambau! Ou Van Gogh ou nada!”
FERNANDES, Millôr. Millôr Definitivo: A Bíblia do Caos. 1994.



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