Tintin, Fritas, Chocolates e Belgian Strong Ales: a Escola Belga

Cervejas belgas, as melhores de todas.

por Luiz Gustavo Moura

“A perfeição não pode ser concebida sem uma forte dose de egoísmo,
orgulho, tenacidade e de cerveja.”
Charles De Gaulle
tintin chez les belges moulinsart
A Bélgica está para a cerveja assim como a Borgonha e Bordeaux estão para o vinho. O país é pequeno e está situado entre a França, Alemanha, Luxemburgo e Holanda. Mas a contribuição para o universo cervejeiro é tão grande que não cabe somente na Europa. Podemos dizer que a Bélgica é o paraíso das cervejas devido a sofisticação, diversidade de estilos, sabores e aromas que existem nas cervejas belgas, o que ajudou os habitantes locais a resistirem à ditadura das cervejas do estilo Pilsen. Lá, a cerveja é mais do que uma bebida, é um fator cultural explorado desde os tempos medievais pelos mosteiros, onde a cerveja era consumida como alimento, o pão líquido. Essa herança permanece até hoje e estas cervejas Trapistas e de Abadia são reconhecidas e idolatradas mundialmente por seu sabor excepcional.
A diversidade mora na Bélgica. Existem hoje mais de mil cervejarias no país, produzindo cerca de 500 cervejas em 10 ou 12 macro estilos, e pelo menos 50 ou 60 subcategorias. Os principais e mais difundidos são Blond Ale, Amber Ale, Golden Ale, Brown Ale, Champagne Beers, Dubbel, Red Ale, Pale Ale, Lambic, Pils, Saison, Scotch Ales, Stout, Strong Ale, Table Beer, Quadruppel, Trippel, White Beer ou Wittbier e Winter BeersLogo abaixo estão algumas indicações caso o leitor queira se aventurar pelas lojas especializadas.
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Cervejas Fortes
Belgian Dark Strong Ale: Chimay Bleue (Bélgica)
Belgian Tripel: Westmalle Tripel (Bélgica), Tripel Karmeliet (Bélgica) e Falke Monasterium (Belo Horizonte)
Belgian Golden Strong Ale: Duvel (Bélgica) e Eisenbahn Strong Golden Ale (Blumenau)
Biére de Garde: St. Landelin Mythique (Bélgica) e Colorado Ithaca (Ribeirão Preto)

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Cervejas Leves
Belgian Blonde / Belgian Pale Ale: La Trappe Blonde (Holanda) e Eisenbahn Pale Ale (Blumenau)
Witbier / Trigo: Hoegaarden (Bélgica) e Wäls Witte (Belo Horizonte)
Saison: Urthel Saisonnière (Bélgica)
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Cervejas de Fermentação Espontânea e Champenoise
Lambic: Mort Subite Framboise (Bélgica) e Falke Vive Pour Vivre (Belo Horizonte)
Champenoise: Deus Bruts dês Flandres (Bélgica) e Eisenbahn Lust Prestige (Blumenau)
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Tão surreal como uma pintura de René Magritte são os sabores existentes. A liberdade criativa encontrada na escola belga não existe em nenhum outro lugar do mundo, claramente demonstrada pela infinidade de sabores que nos surpreendem com cervejas de fermentação espontânea, cervejas de frutas, especiarias, cascas de sementes, cascas de frutas, diferentes processos de fermentação e pelas diversas cepas de levedura. Sendo assim, encontramos desde cervejas extremante alcoólicas e complexas, passando por cervejas leves e frutadas até cervejas feitas a partir do método champenoise, o mesmo método da produção de champagne.
Os bares especializados em Bruxelas são um show à parte. São centenas de rótulos que tornam a apreciação e a degustação do cervejeiro não iniciado uma árdua tarefa, muitas vezes é quase impossível decidir o que beber. O Delirium Café, por exemplo, consta no livro Guinness dos Recordes como a maior carta de cervejas num cardápio desde 2004. São mais de 2.400 rótulos, rigorosamente servidos no copo próprio de cada marca. É quase um ritual, sempre acompanhado de belíssimos queijos. No entanto, há de se ter cuidado nas degustações porque muitas cervejas possuem teor alcoólico elevado, em torno de 8%, chegando a mais de 12,5%, como o caso das Trapistas, consideradas verdadeiros mitos pelos cervejeiros. Não por acaso, seis dos sete Mosteiros Trapistas ficam na Bélgica (Westmalle, Westvleteren, Chimay, Orval, Rochefort e Achel) e um na Holanda na região da Normandia (La Trappe). Para um mosteiro adotar o selo trapista, são necessárias as seguintes condições: a produção deve ser feita dentro do mosteiro e realizada pelos próprios monges ou sob a supervisão direta deles; a cervejaria deve ter importância secundária no mosteiro; o dinheiro da venda da cerveja deve ser integralmente utilizado na manutenção do monastério e suas obras; e o controle de qualidade deve extremamente rigoroso.
Delirium Café, Bruxelas
“Dê-me uma mulher que ame a cerveja e eu conquistarei o mundo.”
Kaiser Wilhelm
Beba na fonte:
Michael Jackson’s Great Beers of Belgium, 341 pages, Running Pr.
belgian strong ales


Mais publicações sobre cerveja na coluna Bric-a-Brac

 

*LG Moura é produtor de áudio, músico, cervejeiro bebedor e jornalista. Saúde!

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